Vitaminas: quando suplementar
As vitaminas são compostos orgânicos essenciais para o metabolismo. A quantidade requerida pelos equinos é muito pequena, embora varie muito conforme a fase da vida que o animal se encontra, seu estado de saúde, o local onde vive e ao trabalho que é submetido, ou seja, é afetada por circunstâncias.
Os requerimentos mínimos de vitaminas são atingidos pelo consumo de alimentos que naturalmente as contenham, por fontes suplementares, por síntese nos tecidos corpóreos e pela síntese microbiana no trato gastrointestinal. Seu estoques, vias de excreção e estabilidade no organismo variam conforme a classe a que pertencem, hidrossolúveis ou lipossolúveis.
A primeira categoria, as vitaminas hidrossolúveis, possui baixo estoque, com estabilidade mais variável e excreção rápida, já que elas são eliminadas na urina. Assim, é muito fácil um animal entrar em um quadro de hipovitaminose ou deficiência e conseguir reverter rapidamente o mesmo. São vitaminas hidrossolúveis todas aquelas pertencentes ao complexo B e a vitamina C.
O complexo B atua em diversas funções do organismo, atuando no metabolismo energético e na hematopoiese (síntese das células sanguíneas). Estão ligadas ao crescimento e manutenção de funções orgânicas, ou seja, animais com deficiência, no geral, apresentam diminuição do crescimento, perda de peso, fraqueza, fadiga, tônus muscular diminuído, falta de apetite, problemas epiteliais, diarreias e falhas reprodutivas. Podem apresentar disfunções neurológicas também.
A vitamina C é produzida pelos tecidos dos equinos a partir da glicose, diferente dos primatas, os quais precisam de fontes extras. Portanto, dificilmente um cavalo apresentará deficiência.
Equinos adultos saudáveis mantidos a pasto em manutenção geralmente não precisam de suplementação de vitaminas hidrossolúveis, pois além de as consumirem na dieta, ainda possuem uma microbiota intestinal eficiente na produção das mesmas. É preciso tomar cuidado com algumas plantas como a Pteridium aquilinum, a qual possui tiaminazes, capazes de destruir a vitamina B1 (tiamina).
A única vitamina dessa categoria que mostrou respostas clinicamente observáveis após animais sadios com dietas normais serem suplementados foi a biotina (B8). A biotina melhora a qualidade da parede do casco, sendo muito utilizada em animais com cascos fragilizados, deformados, rachados e friáveis. Ela ajuda na incorporação de aminoácidos, o que acaba ajudando na síntese do casco, e é muito utilizada em suplementos associada à metionina.
Como exemplo de suplemento rico em Biotina, temos o Casco & Pelo Turbo.
As necessidades por vitaminas hidrossolúveis aumentam em diversos casos para os equinos. Animais mantidos fechados, potros jovens, éguas gestantes ou em lactação, animais submetidos a exercícios intensos, idosos e cavalos convalescentes precisam muitas vezes ser suplementados. Por exemplo, potros possuem um metabolismo mais acelerado por estarem em crescimento e, consequentemente, necessitam de maiores quantidades de vitaminas do complexo B. Éguas em gestação precisam de ácido fólico para a formação de aminoácidos e do tecido nervoso do feto.
A segunda categoria, as vitaminas lipossolúveis, são as vitaminas A, D, E e K. Possuem maior estoque, mas quando há sinais clínicos associados a sua deficiência, eles demoram mais para serem contornados, sendo a recuperação do animal mais difícil.
A vitamina A (retinol) está presente nas pastagens na forma dos pigmentos carotenoides, sendo o principal o betacaroteno. Atua na integridade do tecido epitelial, no desenvolvimento ósseo, na visão noturna e na reprodução de éguas. O uso de feno pode acarretar na depleção dos estoques dessa vitamina, sendo necessária a suplementação em animais estabulados a maior parte do tempo. Animais com infecções respiratórias precisam de maiores quantidades também, pois foi constatado que as concentrações no sangue de retinol tendem a cair nesses casos.
O Promater é um suplemento altamente indicado para éguas em reprodução, rico em betacaroteno.
A vitamina D está ligada ao desenvolvimento ósseo e sua manutenção, pois atua diretamente no metabolismo do cálcio e fósforo. É adquirida pela dieta e produzida pelo organismo com o auxílio de luz solar. Ela é essencial para animais jovens, mas animais adultos também podem sofrer graves problemas por sua deficiência. Equinos jovens deficientes em vitamina D podem apresentar placa de crescimentos de ossos longos irregular, alargada e pouco definida e fechamento tardio de epífises, levando a aprumos tortos e doenças ortopédicas. Deve-se tomar cuidado com sua suplementação, pois pode causar toxicidade.
A vitamina D pode ser encontrada em alguns suplementos próprios para potros em desenvolvimento, como é o caso do Mega Base Júnior.
A vitamina E tem grande poder antioxidante, ajudando na eliminação de radicais livres produzidos em processos metabólicos normais do corpo. Torna-se especialmente relevante para equinos atletas, os quais se tornam mais eficientes conforme conseguem lidar melhor com a produção de compostos tóxicos durante o exercício. Além disso, ela ajuda as hemácias ou glóbulos vermelhos a se manterem estáveis no exercício e tem papel importante no sistema imune. São fontes ricas de vitamina E forragens frescas e verdes e sementes de grãos de cereais.
O Botumix Pro Speed Pó , é um suplemento indicado para equinos atletas, rico em Vitamina E.
Por fim, a vitamina K é importante no desenvolvimento ósseo e na coagulação sanguínea. É adquirida pelo consumo de plantas verdes e pela produção bacteriana no intestino. Potros jovens apresentam menores quantidades de vitamina K por não possuírem o intestino grosso bem desenvolvido, mas geralmente não precisam ser suplementados, pois se trata de algo fisiológico.
A vitamina K também pode ser encontrada em diversos suplementos, como o Suprafer Gel.
Deve-se sempre buscar orientação na suplementação de vitaminas, pois mesmo quando há um aumento no requerimento, não necessariamente o animal estará em déficit de vitaminas, sendo que cavalos saudáveis e com dietas bem formuladas tendem a não precisar de suplementação.
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V. Julia Rizzo de Medeiros Ferreira
Sócio proprietária da empresa RAIA Medicina Veterinária
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